sexta-feira, 6 de abril de 2012

Primeiro post


Bem... olá pessoal (leia-se vocês que estão lendo isso). Sou Daniel Brito, e a partir de hoje vou falar sobre o transporte público dessa maravilhosa cidade do Salvador!

Todos nós sabemos que o sistema de transporte da capital baiana está longe de ser bom e eficiente. Os fatores sempre são os mesmos: longas filas nas estações de transbordo em razão de atrasos, engarrafamentos que provocam muitas vezes estes atrasos, e por aí vai.

Se formos parar pra fazer uma comparação: Curitiba, por exemplo, tem menos habitantes do que Salvador (claro que tamanho/população não são parâmetro nenhum) e ainda sim possui um sistema de transporte exemplar, que, em minha opinião, é o melhor do Brasil. A frota conta com veículos Padron, Articulado e Bi-articulado, este último que trafega em canaletas exclusivas e param em estações-tubo, onde o passageiro já paga a passagem ali.

Falemos agora da realidade soteropolitana. Exemplo: um indivíduo, que mora em Cajazeiras, que é o maior conjunto habitacional da cidade e precisa chegar no Iguatemi. Teoricamente ele tem várias opções de linhas. Maaaaaaaas o primeiro ônibus que chega no ponto vem ultra-mega lotado. Fazer o quê? Espera outro. 10 minutos vem outro carro da mesma linha. Lotadaaaaaasso também. Mais 10 minutos de espera. Passados estes 10 minutos, mais um carro da mesma linha: dessa vez com a porta traseira aberta e pessoas penduradas se segurando o que podem para não cair. Que beleeeeeza... Eeeeeepaaa, mas e as outras opções? Mencionaremos isso mais adiante, no próximo post.

O indivíduo, se vê obrigado a embarcar no 3° ônibus. É o que ele faz. Aqui em Salvador, existe uma prática muito comum, que eu chamo de ‘’lotou, não para mais em nenhum ponto’’. Explico melhor: quando um ônibus está com uma lotação absurda, geralmente o motorista ‘’janela’’ (janelar = não parar no ponto) o restante dos pontos até o destino final da linha. No meio disso tudo há um paradoxo: se o ônibus estiver lotado e o motorista continuar parando, vai ser xingado até a última geração pelos passageiros por estar de certa forma, atrasando a viagem, o que tem sim seu fundo de verdade. Vai continuar pegando os passageiros até não poder mais. Se o motorista não parar, seja por pressão dos passageiros ou por vontade própria, ele também vai ser taxado de irresponsável, filho da puta, e outros adjetivos pejorativos por quem estava no ponto esperando o ônibus. Enfim...

Vamos falar agora de outro ponto: engarrafamentos. Salvador foi construída sem nenhum planejamento urbano. Nos últimos anos, quase nenhuma obra viária foi feita na cidade. As que foram feitas continuam sendo insuficientes para solucionar o problema do trânsito caótico da cidade como um todo.

Uma das soluções totalmente plausíveis seriam vias exclusivas para o tráfego de ônibus. Existem em Salvador, mas são poucas. E em alguns casos motoristas de veículos de menor porte desrespeitam a via, passando por ela.

Num passado não muito distante, na década de 90, a Avenida Bonocô possuía vias exclusivas para o tráfego de ônibus articulados (bons tempos aqueles que eu sequer vivi :P). Você só via ônibus da extinta empresa Ogunjá, que na época rodava na linha 1313 – Estação Pirajá x Lapa, que interliga os dois maiores terminais de ônibus da Cidade. Em 1995 a empresa faliu, a recém chegada São Pedro assumiu a linha, que alguns anos mais tarde a Barramar, empresa que surgiu da São Pedro assumiria a mesma, sendo que tal linha pertence à ela até hoje. E as vias exclusivas da Bonocô foram desativadas para a construção dos pilares de sustentação do Metrô de Salvador, que anos mais tarde viraria nada mais que um elefante branco e motivo de piada nacional.

Hoje, Salvador possui apenas UM ônibus articulado, o qual pertence à empresa de ônibus BTU. Logo completará 14 anos de pau ininterrupto (lá ele!), ou seja, roda a todo esse tempo.

Você certamente se pergunta: por que no passado tinham vários ônibus articulados e hoje só tem um? Eu explico: os empresários hoje estão preocupados nada mais em baratear custos ao máximo. O mercado procurava algo mais leve e as fabricantes de chassis pra ônibus atenderam à esse apelo. Cidades em que você vê Mega BRT, Granviale, Mondego e Millennium II/III rodando têm esse tipo de veículo porque as empresas recebem subsídios do governo para manter esse tipo de veículo rodando, o que não é o caso de SSA. Isso reflete na atual realidade do transporte soteropolitano: um único articulado e que está em vias de ser desativado e só Deus sabe o que vão fazer com ele.

Bem pessoal, esse foi o meu primeiro texto, quem sabe nos próximos dias venham mais. Esperam que tenham gostado. Valeu e até a próxima!